Todos temos fraquezas. Pedir ajuda não é vergonha
Apesar de, atualmente, haver um maior à vontade para se abordarem questões ligadas à saúde mental, para alguns, este é, ainda, um assunto tabu.
Muitas pessoas (demasiadas) se recusam a assumir as suas fragilidades, com medo de serem alvo de uma espécie de julgamento popular, já que a doença mental não é algo que se consiga quantificar.
Um rosto feliz pode, de facto, esconder um grande sofrimento. Assim sendo, quando os meios de comunicação noticiam tristes desfechos, ficamos todos muito aflitos, possivelmente, até, culpabilizados por não termos sabido ler os sinais, que, certamente, lá estariam há muito tempo. Daí que nunca seja demais alertar para esta temática, para que, enquanto sociedade, saibamos desempenhar um papel ativo no combate ao estigma associado a doenças como a depressão.
Não, não é, nem pode ser, vergonha assumirmos que precisamos de ajuda!
Não, não somos obrigados a parecer sempre felizes e realizados!
Todos, sem exceção, já sofremos com perdas afetivas, desilusões amorosas ou insucesso profissional. A estrada da vida não é um caminho fácil, possui muitas ravinas e esquinas obscuras, onde, por vezes, caímos e acabamos por sair magoados. A diferença é que, enquanto uns se levantam, cuidam das feridas e continuam a lutar, outros optam por fazer de conta que nada se passou, não assumem que estão lesionados e acabam por não sobreviver às sequelas da queda.
Tenho a convicção de que as redes sociais vieram piorar esta situação, na medida em que há uma permanente pressão para que todos se mostrem muito felizes e realizados a todos os níveis. É, muitas vezes, criada uma “personagem virtual” que pouco tem em comum com a realidade, já que só assim se obtêm mais seguidores e outros tantos “likes“! Há que manter, a todo o custo, as aparências, até porque não é socialmente aceitável que seja de outro modo.
Assim sendo, andamos a enganar-nos uns aos outros, a fazermos de conta que somos algo que, realmente, não corresponde à verdade. Porquê? Simplesmente, porque temos medo de nos tornarmos alvo de chacota, de sermos considerados fracos e, no limite, imprestáveis.
Importa, então, começarmos por reconhecer que pedir ajuda não é, de modo algum, um sinal de fraqueza. A depressão é muito mais do que uma simples tristeza! Enquanto que a tristeza é temporária, a depressão persiste, se não houver tratamento, havendo um impacto, significativamente, negativo nas atividades diárias, no rendimento profissional e na esfera familiar. Falamos de uma doença que requer tratamento, daí a importância de haver uma ajuda especializada, o mais precocemente possível. É fundamental encararmos o problema, sem medos, sem vergonha, até, porque somos todos seres humanos e não Super Homens ou Super Mulheres!
Teresa Paula Marques
Doutorada em Psicologia
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