Homofobia: “Maltratados, dentro e fora do armário”
No dia 17 de maio de 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da lista internacional de doenças e, por este motivo, nessa data, comemora-se o Dia Internacional contra a Homofobia.
Contudo, este avanço da comunidade científica não foi inteiramente acompanhado por mudanças na forma como a sociedade encara a homossexualidade. Ainda hoje, ouvimos relatos sofridos de pessoas, homens e mulheres, que foram vítimas de humilhações, de exclusão social e, até, de maus-tratos físicos e psicológicos.
A rejeição começa, muitas vezes, no seio da própria família. Há dificuldades em aceitar que o projeto de vida que traçaram para aquele/a filho/a não se irá concretizar, há medo de serem vítimas de julgamentos, acerca da educação que lhe deram, há sentimentos de vergonha, perante os outros… Muitos poderão ser os motivos, mais ou menos conscientes, que levam os pais a reagirem e, muitas vezes, a rejeitarem, completamente, esta realidade.
Tenho a firme certeza de que, na maioria dos casos, os pais sabem muito bem que o/a filho/a é homossexual, muito tempo antes de este/a lhes dizer. No entanto, este é um assunto que não é abordado. Posto isso, há sempre uma reação emocional, de maior ou menor dimensão, no momento da revelação. É preciso um tempo, para que as emoções sejam geridas e, depois, o que dita a diferença é algo muito complexo, mas, ao mesmo tempo, muito simples que se chama… amor! Havendo amor, todas as barreiras se tornam mais fáceis de serem ultrapassadas.
A orientação sexual é, apenas, um entre muitos fatores para definir uma pessoa. Por isso, é extremamente preocupante que, ainda hoje, em pleno século XXI, se continue a ter de lutar pelos direitos daqueles cuja diferença é o modo como agem na sua sexualidade, deixando, para segundo plano, características muito mais importantes, como o caráter e o profissionalismo. Leonardo Da Vinci foi cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta, músico e, segundo os seus biógrafos, seria homossexual! Este é um dos muitos exemplos que vos poderia dar, só para pontuar a ideia de que não é a sexualidade que nos define.
Já vai sendo tempo de aprendermos a aceitar as diferenças e, também, de transmitirmos, aos mais novos, a ideia de que a orientação sexual não se escolhe. Por isso, maltratar alguém, por ser homossexual, é tão absurdo como rejeitarmos alguém, apenas, porque tem os olhos verdes!
Teresa Paula Marques
Doutorada em Psicologia
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